quinta-feira, outubro 02, 2008

Distâncias, trajetórias, vertigens

Distâncias... a vida só faz criar distâncias. Abate-me um tédio quase irremediável, e então, penso que devo partir, e parto. Ou separo. Ou corto. Ou dilacero o que não deveria ser dilacerado. Tomo distância do foco, do centro, da matriz, da nutriz antes tão desejada. Afasto-me como se agora eu fora um ponto que se afasta da origem. É claro, falo do pimeiro passo depois do cansaço, da perda de tudo. Falo desse ponto de onde parti pensando num horizonte ficado lá atrás, como aquele ponto onde comecei desenhar a primeira letra de um teto extenso - e há sempre esse primeiro pontinho! Depois, novamente o imponderável, depois, a busca de um foco, de um centro, de uma matriz, uma nutriz de meus desejos neste instante, colocada longe, bem longe, como o fim duma estrada a ser vencida. Depois, outra fuga! Trajetórias: vertigens!
Tudo são vertigens nesta caminhada. O tédio se manifesta na distância de mim até mim, a mais imponderável e insuportável de todas as distâncias. Andar longe de mim é estar longe do que mais gosto, do que mais quero, e fazer do sonho apenas sonho, uma fumaça que se esvaece. Não tenho a obrigação de ser conexo, mas sei que engendro sentidos. Geralmente, tudo acaba mal, e andar longe de mim é jamais conseguir terminar bem terminado o que antes fora começado, seja lá o que fôr! É deixar a frase assim, no "ó"...