sábado, março 12, 2011

Devagar, Bem Devagar

Eu queria andar devagar, ir bem devagar... refazer passo sobre passo, se fosse possível. Eu queria que a minha figura falasse por si, e que eu não precisasse gastar palavras, que eu não tivesse o dissabor de descompreender... e ser descompreendido! Enfim, queria que só meu corpo fosse lido... em clara linguagem compartilhada com quem me toca com seu corpo!

segunda-feira, janeiro 10, 2011

[Ataque de Surpresa]

Envio um carinho, um afago,
e, de quem menos espero,
recebo um coice - na testa!

Coisas da vida...
mas acontece que eu já não sei mais
conceder o benefício da dúvida, desaprendi,
pois a vida é breve, muito breve...

Nada importa, nenhuma ofensa é pesada,
e todos somos substituíveis, descartáveis;
há um estoque de pessoas  prontas
para serem trituradas por um capricho,
por uma descompreensão qualquer,
ou, por um simples instante de dor de cabeça...

Ah, mas a tecla "delete" resolve tudo:
no celular, no e-mail... jogo feito!

[Penas do Desterro, 10 de janeiro de 2011]

[Ela: No Campo do Meu Olhar]



[Entrar no campo do olhar,
e inaugurar possiblidades...]

Subitamente, ela entrou
no campo do meu olhar...
Pele macia, amorenada,
ela sente, ela sabe,
ela viu os meus olhos ávidos
nos seus ombros desnudos..

Uma atração instantânea,
de me deixar louco;
suas mãos que gesticulam,
seus olhos que buscam algo,
algo visto, mas perdido na prateleira;
Seus olhos buscam... mas sem me perder,
sei que ela não quer deixar escapar
a emoção de me ver, e de se deixar ver...
[ver... é fácil? Basta olhar?]

Interpelo: perdida...?
Ouço sua voz macia, suave, rouca:
- "olha, quase..."

Se eu vivesse
de narrar desfechos,
eu seria o quê, quem?
Nem sei...nem sei.

[Penas do Desterro, 01 de janeiro de 2011]